Mas eu pensava no sofrimento dos negros. Os brancos os moíam de pancadas, prendiam-nos com ferros pelos pés, pelo pescoço, quebravam-lhes os ossos. Trabalhavam pior que os bois nos engenhos e apanhavam, apanhavam até sangrar, sem nenhuma piedade dos donos. Muitos morriam sob o peso do trabalho. Outros amanheciam mortos nas cafuas. Os brancos permitiam aos parentes dos defuntos embrulhá-los em uma rede velha, imunda, para enterrá-los longe. Tudo sob os olhos do feitor, que sempre os vigiava como cão mordendo seus calcanhares. Mas na calada da noite, no primeiro cochilo dos cães, eles escapavam, fugiam. Morrer na fuga era melhor que morrer todos os dias, sangrando, sob as inumeráveis chicotadas, (da contracapa).
Revisão de Carina Correia.
Design de João Bicker.
VS.
Setembro de 2022. 210 Págs. broch.
18. €